domingo, 3 de maio de 2015

Um conhecimento que circula pelas ruas (15)



Um conhecimento que circula pelas ruas (15)
Entre medos e preconceitos

A globalização não acontece somente em uma visão macro do mundo, não acontece somente como uma totalidade do ponto de vista planetário, no globo terrestre. Mas na visão micro da globalização também. A globalização acontece também, e principalmente em uma visão micro, a partir da visão global do planeta. O que acontece em uma visão macro, também acontece ou reflete na visão micro. O mundo é interligado, das orbitas dos elétrons as orbitas planetárias. A visão cartesiana vem sido esquecida cada vez mais. A mudança de paradigmas do heurístico para o holístico. Redes e teias ramificadas interagem em diversos sentidos, fatos e momentos.

Uma globalização acontece nas ruas de uma cidade perante a necessidade de tipos diversos e diferentes em ocuparem um mesmo espaço. Pessoas que andam a pé, pessoas motorizadas com carros e motos, e pessoas com dificuldades ou limitações de deslocamento, providas de andadores, cadeiras de rodas, bengalas e muletas. E é em uma cidade que se forma cidadãos para o mundo. A cidade tem uma responsabilidade em formar seus cidadãos para que possam deslocar-se por outros espaços como cidades, estados e países. Deslocar-se em seu próprio meio, respeitando dificuldades, deficiências e diferenças. É nos espaços públicos que uma cidade educa seus filhos, os munícipes.

A sociedade evolui e os conceitos mudam. Novos espaços vão sendo demarcados nos espaços urbanos. Espaços são sinalizados, são marcados e delimitados; espaços para atravessar ruas e avenidas. Tempos em semáforos para uns e para outros. Faixas de pedestres são pintadas de acordo com espaçamentos de um passo tamanho padrão. Os tempos de semáforos são calculados de acordo com o tempo necessário estimado para atravessar uma rua. Vagas em quantidades percentuais são reservadas a idosos e portadores de deficiências.

Novas adequações provocam medos de perder espaços que antes poderiam ser ocupados. Ao longo dos anos portadores de deficiências foram vitimas de suas diferenças, de sua anatomia e de sua fisiologia. Idosos e deficientes temporários precisam de mais tempo para percorrer um espaço. Com estudos, planejamentos e avaliações criou-se a ideia de um espaço socializado.

Consta no CBT (Código Brasileiro de Transito): Aumentar a segurança de trânsito; - Promover a educação para o trânsito; - Garantir a mobilidade e acessibilidade com segurança e qualidade ambiental a toda a população; - Promover o exercício da cidadania, a participação e a comunicação com a sociedade, e - Fortalecer o Sistema Nacional de Trânsito. Regras que todos habilitados devem saber.

O espaço urbano é formado pelo tracejado dos logradouros públicos, que podem ser utilizados e usufruídos por toda a população. Espaços e vias reconhecidos pela administração do município, com planejamento e implantação, limpeza e conservação. Espaços destinados à circulação de veículos e pedestres, o local onde encontramos as diversas ruas e avenidas, praças e largos; calçadas e calçadões, parques e jardins. Com espaços e acessos especiais, para portadores de necessidades especiais: com deficiências físicas, fisiológicas ou anatômicas, e com mobilidades limitadas ou reduzidas, permanentes ou temporárias. Espaços imbuídos de uma vivência e convivência colaborativa. Com praticas, estruturas e comportamentos inclusivos; adaptados com comunicação suplementar e alternativa. Promovendo condições de acesso e permanência no espaço. E assim espera-se que devam ser os espaços das cidades com direitos e respeito a uma diversidade, um espaço plural. 

As ruas são espaços democráticos onde circulam as pessoas livres. Livres de grilhões e livres de preconceitos. É no espaço publico que seguimentos diversos colocam seus cartazes, expõem seus direitos e suas manifestações, políticas, partidárias, ideológicas, institucionais ou culturais. E diante tanta diversidade e pluralidade, este espaço deve ter regras, as suas convenções, para serem cumpridas e respeitadas. As marcas e símbolos de acessibilidade estão espalhados pelas ruas e calçadas da cidade, com uma sinalização vertical e horizontal. Basta compreende-las e respeita-las.

 Texto enviado para 
O Jornal de HOJE
Natal/RN




http://www.publikador.com/author/maracaja/

Natal/RN 03/05/15

Roberto Cardoso
IHGRN/INRG


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